segunda-feira, 26 de julho de 2010

As lendas de Geiranger




Parte 1: A longa jornada


Até um ano atrás acho que nenhum dos leitores desse blog faziam idéia do que se tratava Geiranger. Eu me encaixo nesse grupo; não sei quanto aos outros macacos, mas pelas conversas que tive com o Vítor, ele só veio a descobrir o local quando resolveu dar uma pesquisada nos fiordes noruegueses para analisar um possível roteiro com eles no meio. O que poderia ser improvável devido a custos e localização: ocorreu! E posso garantir em nome de todos aqui que foi o momento mais fantástico da viagem – creio que continuará a ser.

Um dos filmes que mais marcaram a minha infância foi Parque dos Dinossauros (Steven Spielberg, 1993), a partir dele decidi naquele momento que seria paleontólogo, como os protagonistas da história. Atualmente, com a minha opinião (chata) de futuro cineasta, não considero Jurassic Park um grande filme, não está nem próximo dos meus favoritos do Spielberg (sim, eu gosto do Spielberg)... Mas a mágica que ele representou para mim lá nos meus 6 anos, se reflete até hoje. A primeira canção que minha memória buscou ao começar a ver a paisagem incrível no caminho de trem para Geiranger foi o tema do filme. Assim como o Dr. Allan Grant, que ao chegar à ilha dos dinossauros olhou assustado para aqueles seres pré-históricos, os macacos aqui ficaram deslumbrados pelos três dias que se sucederam no fiorde.

Partimos de Oslo para Dombaas (DOMBÓOOS!!!) bem cedo, e nessa primeira viagem em busca de Geiranger já nos deparamos com uma figura ilustre, quem poderia esperar que a Isa, mesmo sem joelhos, conseguiria chegar tão longe... Mas ela chegou!!


Olhem a Isa ali na frente, pena que ela nem deu papo para gente. :/

Em Dombaas, basicamente saltamos de um trem para o outro. Próxima parada: Åndalsnes, o ponto mais ao norte da nossa jornada (62º34’N 7º42’E). O trecho já começava a ser um preview de tudo que estava por vir, o trem vai parando nas principais pontos naturais, construções e até uma civilização (Bjørli, um povoado de 150 pessoas, onde a maior atração – aparentemente – é aguardar a passagem do trem com turistas curiosos). Ficamos bem impressionados com a cor da água, um azul que eu só tinha visto algo parecido naquelas fotos promocionais do Caribe, etc. Nesse momento decidimos que custe o que custar (o frio intenso naquele lugar, em especial), nós mergulharíamos na água de Geiranger (por isso, continuem lendo e descobra se fomos machos o suficiente!).


As imagens falam por si só.


Chegando a cidade mais nórdica da nossa viagem: se não fosse pela parada dos ônibus que levam aos fiordes da região e a paisagem belíssima, a cidadela poderia ser mais uma Katrineholm da vida (que a partir de agora se tornou sinônimo de “limbo”/”vazio”). Acredito inclusive que existiam pessoas para se ver no nosso ângulo de visão muito graças aos japoneses (que invadem qualquer parte do mundo: até lá!).


Mais uma cidade deserta para o currículo




Bruno fazendo trabalho de campo de geologia até quando tá de férias.

No busão íamos, enfim, em direção a parada final. Antes de continuar a rasgação de seda necessária pela natureza norueguesa é necessário comentar a figura épica do motorista, um mito que fazia curvas perfeitas em desfiladeiros onde um erro é fatal (frase pronta ideal para o momento)!


Vai tentar dirigir aí, vai.


Mais algumas paradas: todas já nos indicavam que nossa escolha por fazer um looping maluco no roteiro do mochilão tinha sido um tiro no alvo. Não sei ao certo quando a música do Jurassic Park surgiu no meu consciente, mas a travessia de barco para chegar a Geiranger seria um belo momento para essa narrativa.

A partir daqui eu aconselho que vocês leiam ouvindo a música (se quiserem ter a mesma sensação que eu, se não, ignorem!):




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Parte 2: Chegada e o primeiro encontro com os (ex)soviéticos



Os três na mesma foto. Coisa rara!

As 6 e pouco da noite já caminhávamos nas terras do Fiorde em busca de um camping para nos acomodarmos (os japoneses obviamente foram para o hotel 5 estrelas). Com pouca paciência e muita fome, paramos naquele que parecia o mais central e com nome mais óbvio: Geiranger Camping. Acho que nossa primeira escolha foi perfeita (o camping), a segunda nem tanto (o local para se acampar)... Montamos nossa humilde barraca ao lado de um bando de tendas com TVs LCD, frigobar, isso sem contar os trailers dos magnatas. Após certa “luta” com a barraca, ela estava armada e nós estávamos a comer no primeiro almoço de verdade do dia (umas 7 e pouco da noite), eis que... uma família de russos para de carro na nossa frente e começa a reclamar que nós colocamos a barraca na vaga deles. Aí vocês já sabem, nós pedindo desculpa e explicamos pros sujeitos que não sabíamos que ali era vaga (detalhe, eles tinham espaço suficiente para parar o carro sem precisar encher o nosso saco). Após a suspensão do nosso almoço, retiramos tudo da barraca (leia comida pra caramba, mochilas, roupas) e a recolocamos há uns 5 metros da sua primeira fundação.


Barraca no primeiro e no segundo lugar. Por incrível que pareça ela estava mais segura na frente de uma outra barraca.



Esse encontro com os russos me chamou atenção para a quantidade de turistas do leste europeu (chegou até uma galera da Lituânia lá...), parece que eles são os únicos, além dos noruegueses, que descobriram o lugar de verdade, ao menos para acampar, porque os ricos de verdade ou estavam nos hotéis, ou nos cruzeiros que surgiram lá no mar todos os dias.


Vista da estradinha que levava as trilhas

Feito esse parêntese, voltamos para a nossa aventura em Geiranger. Decidimos que uma caminhada de curta distancia seria uma boa idéia para o primeiro dia: 1. Para testar nosso preparo. 2. Porque já estava tarde, e mesmo lá não escurecendo, não estávamos a fim de ficar perdidos de madrugada naquelas montanhas. Escolhemos uma de uns 2 km (não me peçam nomes, por favor), e descobrimos que estávamos completamente despreparados, em especial o Vítor que sempre vinha uns 10 metros atrás da gente. Mas completamos a nossa primeira trilha, dispostos a arriscar mais no dia seguinte (na volta da trilha o Bruno ainda matou uma lesma preta, racista!!!).



Bruno morrendo, um exemplo do nosso folego para caminhadas.


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Parte 3: As lendas entram em ação


Antes de começar a descrição da nossa longa caminhada, é necessário dizer que a noite foi tensa para mim. Tá certo que estamos no verão europeu, mas estávamos na Noruega, e num lugar bem ao norte do mundo. Detalhe, eu estava SEM sleeping bag! E pior, começou a chover!! Bom, não sei como, mas sobrevivi, mesmo com as minhas pernas congelando em parte (ok, sem exageros, mas eu acordei a noite de tanto frio).

O dia da grande trilha iniciou com um bom café da manhã (na medida do possível), colocamos umas capas de chuva e fomos até o fjordsenter (Central do Fiorde, local para buscar informações sobre trilhas e os fiordes em geral) e decidimos a primeira trilha do dia, o local dessa foto. A verdade é que basicamente caminhamos pela estrada (trilha?) não achamos essa pedra da foto, só um bando de turistas tirando foto do penhasco (que era realmente muito íngreme). Qual é né? Nós podíamos muito mais do que isso! Fomos em direção a algo mais roots: Storseterfossen (com esse nome também). A caminhada foi intensa e com inúmeros escorregões devido ao lamaçal da chuva, encontramos russos (pra variar), uma família de espanhóis enganadores (falaram que faltava pouco pra terminar a trilha... sei sei...), um grupo de franceses... Agradecemos a cada escorregada quando chegamos ao ponto final da trilha: uma queda d’água lindíssima aonde a gente ainda podia passar por baixo dela. Descansamos, deu tempo até para um picnic.



O picnic embaixo da cachoeira


Vista da cachoeira... pouca altura.


Mas somente essa trilha era insuficiente para nós. A partir daí começou a caminhada que nos tornaria mitos: Vesterassaetra. Não faço idéia do que significa isso em norueguês, mas deve ser algo como “trilha da várzea”, ou “trilha do riachinho”, caminhamos sobre a água metade 2/3 da trilha (tempo suficiente pra eu ter que jogar 3 pares de meia direto no lixo), contamos com a ajuda de algumas ovelhas para nos guiar pelo caminho (só ovelhas mesmo, porque o local era totalmente ermo), eu até tive meus 15 segundos de fama como pastor.


Thico, o pastor e a ovelha (tinham outras...)


Enfim, chegamos! O final da trilha era um rio, um grande córrego. Era lá que nós iríamos honrar com nosso compromisso: nós íamos mergulhar na água gélida do fiorde norueguês. O Bruno foi o primeiro a arriscar a vida, saindo são e salvo, eu resolvi tentar também, por fim o Vítor. Aquele mergulho pareceu me renovar uns 5 anos, foi basicamente levar a palavra revigorante ao extremo. E nós não nos arrependemos de nada, diria que se pudesse, até iria de novo. Valeu a pena!



Só pra comprovar os fatos acima (o vídeo do Bruno mergulhando fica pra quando chegarmos no Brasil. Aqui a conexão não tá ajudando.)


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Parte 4: Comentários finais


Os três macacos voltaram para o acampamento com a sensação de dever comprido. 8 horas de caminhada (ida e volta), 16 km caminhados próximos a 700m do nível do mar. Para passar por paisagens únicas, cachoeiras, escorregões múltiplos, ovelhas mijonas, europeus perdidos, e terminar com um mergulho épico numa água com uma temperatura de uns 3 graus!



A noite merecia algo melhor, gastamos um pouco mais jantando uma pizza. Fomos para a barraca e dormimos facilmente após um dia tão agitado, dessa vez eu resolvi utilizar minha mochila como saco de dormir, não é que deu certo (por mais que eu tenha acordado com a perna doendo no dia seguinte)! No dia seguinte partimos de Geiranger às 10 da manhã e agradecemos por cada minuto naquele lugar único.

Quando eu era menor, meu pai me dizia que era uma Lenda na Noruega (sabe como é, aquelas invenções saudáveis que pai faz pra filho). Que ele tinha ganhado inúmeros prêmios lá, seja dos mais nobres como salvar o “reino” norueguês, aos mais bizarros como surfar (?) em algum rio do país. Finalmente eu conheci o país onde o meu pai é uma lenda. Nesse mesmo lugar, eu e meus camaradas Bruno e Vítor, caminhamos quilômetros e mergulhamos no gelo. Seriamos nós lendas norueguesas também?

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Spin-Off: Bremen

Antes de postar um texto sobre o fiorde de Geiranger na Noruega, que foi o ponto alto dessa viagem até agora (e eu acho muito difícil que algo o supere, porque o lugar é realmente o mas bonito que eu já vi na vida, de longe), vou fazer um texto sobre minha estada solitária em Bremen, Alemanha.






Geiranger, um preview.

Bom...

Nem toda viagem, especialmente uma viagem longa, é feita só de momentos felizes. Depois de duas semanas com o Vítor e com o Thico, nos separamos por dois dias, porque eu aproveitei minha estadia na Alemanha para visitar alguns parentes perdidos. O Vítor, que é o mais emotivo dentre nós três tinha os olhos cheios de lágrimas na despedida, mas tudo bem, eu volto logo! (Na verdade, eles mal se despediram de mim, mas ok...)

E isso pode ser surpreendente para muita gente, mas apesar da ginga, malemolência, samba no pé, futebol muleque e da pele da cor do pecado, eu tenho uma ascendência alemã muito próxima, então nada melhor do que uma visita rápida para rever e/ou conhecer os comedores de chucrute relacionados de alguma forma a mim.

Saí de Berlim no trem das 09:48 e cheguei em Bremen três horas depois. O trajeto vai por Wolfsburg (ou a cidade da VolksWagen) e Hannover, mas como eu não tinha dormido na noite anterior, eu realmente não vi quase nada. Ao chegar em Bremen, eu encontrei a Christa, que é prima do meu pai e portanto minha tia de segundo grau. Eu já a conhecia, por ela ter morado e visitado o Brasil muitas vezes e o fato dela falar português ajuda muito. Logo de cara, ela me levou para fazer compras e eu ganhei umas roupas e uma sandália de presente huhuhu. Por outro lado, vai ver ela achou que eu estava muito feio e resolveu tentar dar uma arrumada e tal.

Depois eu fui conhecer a parte desconhecida da família (isso vai ser difícil): Era a festa de aniversário do Oliver, filho da meia irmã da minha tia de segundo grau, portanto ele é meu meio primo de segundo grau! Estava toda a família reunida: 3 tios de segundo grau, 3 primos de segundo grau (Oliver (25), Benjamin (23) e Madeleine(19)) e pessoas relacionadas a elas de qualquer forma que eu nem sei o que são. Meu bisavô é a pessoa comum entre nós todos e segundo minha querida "prima" (que eu descobri que não é tecnicamente prima) Elisabeth, o velhinho perdeu as pernas na primeira guerra mundial, mas tratou de ter nove filhos depois disso (MITO). Com nove filhos espalhados no mundo desde 1930, provavelmente você, leitor randômico, também é meu parente.

Enfim, eu era o único que não falava alemão, portanto não entendia bulhufas do que eles diziam, mas aparentemente não falaram mal de mim. Com os meus primos eu até consegui conversar um pouco em inglês e no fim das contas foi tudo bem legal.


Eu e o primo Benjamin.



Christa e Gunther.


No dia seguinte eu fui fazer um típico dia de turista em Bremen, que tem um centro bem pequeno e portanto, dá pra fazer tudo a pé também. Desci do bonde na rua "Schlachte", a beira do rio Weser, onde se tem diversos bares divertidos. De lá, é rapidinho pra se entrar na "Market Square", que é uma praça bem grande onde ficam a prefeitura, uma grande catedral (ambos edifícios medievais), o parlamento (edifício representando o modernismo) e mais uns edifícios legais.


A praça central de Bremen.

Nesta praça também existem duas esculturas famosas: o Roland (símbolo da liberdade) e os Músicos de Bremen, mundialmente famosos. Ao contrário do fiasco do Manequim de Bruxelas e da Pequena Sereia de Copenhagen, a estátua dos músicos é bem divertida e você pode tocar nela. Os músicos são o tema da cidade e para qualquer lado que você olha tem um burro, um cachorro, um gato e um galo.


Roland, grande herói e mito.




Eu, Christa e os músicos. Dizem que pegar no pé deles dá sorte. Ainda bem que é no pé...

Depois disso, eu visitei a "Böttcherstrasse", onde todos os dias ao meio dia tem um showzinho de sinos tocando músicas de ninar, bem legal. Seguindo por este caminho, dá pra chegar no "Schnoor", que é um bairro daqueles cheio de ruazinhas apertadas e becos que te colocam na idade medieval e na minha opinião, a parte mais legal de Bremen.


Entrada para a "Böttcherstrasse".


"Schnoor" e suas vielas apertadas.


Visitei ainda algumas catedrais, mas por falta de tempo deixei muitas coisas a fazer como o "Bürgerpark" (eu tentei pensar numa piada com isso, mas nem ia dar certo) e o Das Universum que é um museu novo e moderno que parece ser demais.

Enfim, amanhã eu volto pra Berlim e reencontro o pessoal. Até mais!

quinta-feira, 22 de julho de 2010

A jornada nórdica continua.


Depois de 2 dias bem divertidos em Copenhague, era hora de ir mais pra cima e pra isso encarar mais uma viagem interminável de trem, até Oslo. Saímos de Copenhague por volta das 8:30 da madrugada, atravessamos a Oresund Bridge (uma mistura de ponte com túnel que liga a capital dinamarquesa à Malmö, na Suécia), e seguimos até Norrkoping, já próxima à Capital Estocolmo (sim, atravessamos a Suécia de lado a lado duas vezes).

Oresund Bridge, com Copenhague ao fundo. Óbvio que a foto eu catei no Google.


A viagem ocorreu sem nada digno de nota exceto o fato de que encontramos um casal de brasileiros no trem que também ia descer em Norrkoping. Impressionante como tem brasileiro até nesse baita fim de mundo. De lá, nós pegamos outro trem, dessa vez pra Katrineholm, uma cidade próxima. Como tínhamos que esperar um tempinho até o trem pra Oslo passar, resolvemos explorar o lugar. Parecia uma cidade fantasma (ou alguma cidade cenográfica do Projac). As únicas pessoas da cidade eram uma ruivinha gata sentada numa praça (que o Thico peidou pra fazer Pokémon Snap com ela) e o turco da loja de conveniência (que trabalhava nas duas lojas próximas à estação) e nós. Katrineholm fazia Poperinge (citada no post sobre a cerveja) parecer uma metrópole, e olha que ambas as cidades tem populações similares. A cereja do bolo foi o fato do Bruno ter comprado uma banana numa dessas lojas de conveniência citadas. O cara sai do Brasil pra comer uma banana meio verde comprada numa loja de conveniência em uma cidadezinha no interior do interior da Suécia, puta coisa de macaco.


Só faltou a bola de feno passando.

Macaques albines e sua bananes


Enfim pegamos o trem e encaramos mais 5 horas de viagem até Oslo. Vale afirmar que as paisagens suecas foram de longe as mais variadas que pegamos até o momento, sem as planícies intermináveis que vimos nos trajetos anteriores. Tinha lagos, florestas, plantações, vilas minúsculas de casinhas coloridas, fábricas da Volvo, e nas estações sempre entrava (e saia) alguma loirinha daquelas que você apresentaria pra sua avó sem medo. Só faltou mesmo a fábrica da Absolut pra completar a lista dos estereótipos suecos, mas enfim.

Por volta das 20:00 chegamos a Oslo, e a primeira impressão não foi das melhores. Aparentemente a estação fica na Cracolândia da cidade, cheia de gente esquisita e mal encarada. E as placas reforçavam essa impressão.

Propaganda é a alma do negócio.

E o fato de chegarmos lá logo depois de passarmos 2 dias na espetacular Copenhague não ajudou muito. Da estação rumamos para o hostel, que é bem próximo, e ao entrar no quarto demos de cara com uma TV de LCD. Que tipo de albergue põe uma TV dessas dentro do quarto? Sem nada pra fazer ligamos ela e procuramos algum jogo do Norueguesão. Tava passando Rosenborg x ODD Grenland, jogo meio morno que terminou 1x1, mas o interessante é que a TV norueguesa atualiza resultados de outros campeonatos que tavam rolando, do Campeonato Brasileiro até a porra do Islandesâo! Imaginem a nossa surpresa quando ao assistir o jogo sem entender porra nenhuma do que os caras falavam nós vimos “Avai 0x1 Palmeiras” brotar na tela! As emissoras do Brasil deveriam copiar essa idéia.

Fraquinha a TV do quarto do albergue né?


Depois do fim do jogo (que terminou com pressão total do Rosenborg e com o goleiro do ODD pegando até pensamento), saímos pra procurar algo pra comer que não nos deixasse muito pobres (pra quem não sabe, Oslo foi eleita num sei quantas vezes a cidade mais cara do mundo) e achamos uma pizza muito boa por um preço bem razoável pros padrões que esperávamos encontrar aqui. No caminho, o que impressionou a gente foi a quantidade de mendigos. Num trajeto de uns 200 metros vimos uns 5, coisa que eu não esperava ver no pais que se gaba de ter o maior IDH do mundo. Depois da pizza demos uma volta pelas redondezas e chegamos ao cais e constatamos o aspecto mais interessante de Oslo: a ecleticidade (odeio essa palavra, mas...). Muito da cidade tem um aspecto meio frio e cinzento, como se tivesse sido transportado de algum país comunista pra Noruega, tipo a prefeitura, onde é entregue o Prêmio Nobel da Paz.

Bucareste? Não, é Oslo mesmo. E a cidade não escurece mais que isso no verão.

Em compensação, ao olharmos pro outro lado vimos um bairro ultra moderno chamado Aker Brygge, onde provavelmente a juventude “descolada” (aka cheia da grana) da cidade se encontra pra fazer porra nenhuma.

Eu logo depois de fechar a compra de um triplex em Aker Brygge. Pagamento à vista, lógico.

Depois de dar uma volta lá só pra se sentir pobre pra caralho nós voltamos pro hostel por outro caminho, e encontramos dezenas de prostitutas, mas não aquelas coisas maravilhosas que vimos na Red Light em Amsterdam, e sim aquelas que se chegassem numa esquina brasileira qualquer dizendo “compreto é vinte reau” ia ter gente achando caro.

Definitivamente Oslo pega quase todos os estereótipos da Escandinávia e joga eles no lixo, e certamente seria interessante ficar um tempo a mais pra ver qual é a verdadeira cara da cidade (se é que ela tem mesmo uma, ou se é essa coisa insossa que nós vimos), mas tinhamos que dormir pra aproveitar a noite, porque iríamos passar um bom tempo sem vê-la.

Esse negócio de postar em blog cansa.


Obs: Tá dando erro. O Bruno tá em Bremen e o Thico dormindo. Definitivamente eu não tenho paciência pra esse tipo de coisa.

domingo, 18 de julho de 2010

Um Dia em Copenhagen



Thico fazendo sucesso em Copenhagen, mas aqui ele é conhecido como Bobo Moreno, solista de Big Bands.


A foto acima é tão sensacional que por si só já valia um texto, mas como aqui a Internet é cara a gente manda logo tudo de uma vez. A avareza é tão grande que eu estou escrevendo no Word pra depois mandar um ctrl c + ctrl v básico e usar a net o menor tempo possível.

Chegamos em Copenhagen 12 horas antes do previsto. Tivemos um problema com a reserva o trem noturno do dia 16/07 às 20hs (estava lotado), então resolvemos pegar no mesmo dia às 07hs da manhã. Tudo bem, nós passamos o dia no trem, mas tem uma balsa que liga o nada ao lugar nenhum que nos fez sentir neste clipe:



Chegamos por volta das 20h10 e a primeira impressão de Copenhagen foi melhor do que qualquer outra cidade. Mesmo com bastante sol o calor não é tão forte, o trânsito é bem mais tranqüilo que as frenéticas Paris e Amsterdã e os monumentos daqui são mais legais do que todos os outros lugares, com temas nórdicos e tudo mais. Chegamos no Hostel e apesar de dividir o quarto com mais 3 pessoas, é o melhor que a gente já ficou até agora.


Copenhagen de noite.


O legal é que no nosso quarto tem um esquimó groenlandês baladeiro, que chega as 7 da manhã bêbado; um austríaco geofísico, mas tão mão de vaca, tão mão de vaca, que o cara dormiu num saco de dormir no quarto porque não quis dar 1 euro a mais pra pegar lençóis; e mais um dos mitos dessa viagem: um velho neozelandês, que mora na Inglaterra e conhece o mundo inteiro... ou pelo menos era um velho. O ex-senhor entrou em um processo a La Benjamin Button e quando a gente acordou no dia seguinte e olhou pra cama dele, ele tinha virado um cara bonitão de uns 25 anos (UUUUIIII!!!) hahahahaha! Mas esse processo deve ter custado muita energia já que nessa sua nova forma, o ex-velho dormiu a estadia inteira dele no hostel.

Bom, depois de acordar, fizemos um tour a pé pela cidade, saindo do mundialmente famoso parque de diversões “Tivoli” em direção à também mundialmente famosa “A Pequena Sereia”. O legal é que a parte central de Copenhagen é pequena e mesmo compensando alugar uma bicicleta pra fazer isso tudo, é bem tranqüilo fazer tudo a pé.

Deixando o “Tivoli” pro final, passamos por algumas dessas ruas de nomes indecifráveis com diversos prédios legais até chegar a “Nyhavn”, que é essa ruazinha cheia de turistas e casas coloridas, uma das marcas de Copenhagen. Daqui sai um passeio de barco de 1 hora pelos rios e canais de Copenhagen, mas a gente deixou pra lá.


Vítor e Thico na Rua Nyhavn


Depois de uma passada pela “The Royal Theatre´s Playhouse”, que tem uma vista legal para a “Opera House” de Copenhagen, passamos pelo Palácio de Amalienborg que é onde o rei daqui mora e chegamos na “Marble Church” que é bastante impressionante.


Vista para a “Opera House”


Foto Indie do Thico da Marble Church.

Seguindo reto desta igreja, fomos para o Parque Kastellet (em forma de tartaruga e cercado por rios), que é onde se encontra “A Pequena Sereia”. Esse parque tem vários monumentos e cenários bem legais. Dá pra passar uma tarde inteira nele pra dar atenção a tudo que tem lá, entre moinhos, prédios legais e todas as esculturas.


Um desses monumentos legais daqui.


Mais um!


Então, depois de umas paradas básicas para fotos em diversas esculturas fomos atrás da personagem que marcou a infância de muitas garotinhas (e de alguns marmanjos também, inclusive os dois que viajam comigo, vai saber...), ela, a única, A PEQUENA SEREIA!!! Então, chegamos lá e tudo o que vimos foi isso:


A Pequena Sereia, aparentemente... Pelo menos é melhor que o Manequim.


Bom, depois desse FAIL, fomos pesquisar o que tinha acontecido e a escultura foi mandada pra China por uns meses. Mas poderia ser pior... a gente viu dois chineses em direção a escultura. HA! Thico comentou que os otários poderiam ter ficado na China pra ver a menina com cabeça de peixe e rabo de humana, mas viajaram milhares de quilômetros pra nada! Puta volta por cima!

Deixamos o melhor pro final. Um parque de diversões bem legal (mesmo que tenha poucas atrações) e tudo mais. Chegamos no “Tivoli” e pagamos 95 coroas dinamarquesas pra entrar e descobrimos que pra usarmos uma montanha russa, um barco viking e um aviãozinho legalzão, nós teríamos que desembolsar mais 205 coroas.


Homem de ferro e a entrada do Tivoli.


Po! 30 euros pra pegar brinquedos que são piores que o do Playcenter? Desencana. Restou pro Vítor ficar com sua expressão característica de empolgação e pro Thico ficar fazendo “Pokémon Snap” de meninas bonitas (ou “Pokémon Snap: GOXTOSAS”, como o próprio batizou). Nota: Pra quem não sabe, “Pokémon Snap” é um jogo de Nintendo 64 em que você tira fotos de Pokémons.


Foto de maior pontuação do Pokémon Snap do Thico.

Depois disso, voltamos para a foto inicial deste texto e fomos embora.

Mando outro texto depois de Geiranger, na Noruega. Depois a gente obriga o Vítor a escrever algo também. Vai ser difícil, mas acho que dá pra chantagear ele com comida...

PS. Estou com saudades da Jacq.

PS2. Perdi meu cartão de crédito. Uma hora depois eu encontrei ele na frente do caixa eletrônico, sem ninguém ter mexido.

PS3. Sim, eu vou trocar de roupa a partir de Oslo. Prometo.

sábado, 17 de julho de 2010

Amsterdã: a cidade dos extremos


O Hostel Flying Pig e uma das suas paredes.


Nos últimos dias estivemos ocupados com idas e vindas de trem e caminhadas por aí. Finalmente conseguimos parar por uns minutos e cá estou eu, no hall do Hostel de Copenhagem (Danhostel), escrevendo esse texto. Vamos ao que interessa: a insanidade chamada Amsterdã.

Saímos de Bruxelas bem cedo e eu aproveitei para dormir o caminho todo, o Bruno e o Vítor não tiveram a mesma sorte (Vítor foi ouvindo uma mulher falando no celular o trajeto inteiro da viagem). Chegando lá, ficamos horas na fila para decidir nosso destino: as reservas do Eurail pass. Provavelmente a maior fila do mundo, pelo menos naquele momento. Enfim fomos atendidos pelo “El Bigodon”, também conhecido como Der Van Bigoden pelos holandeses, um dos mitos dessa viagem (em breve comentamos melhor o que se tratam “os mitos”), o sujeito teve que nos ouvir por horas e horas a respeito das marcações de trem. Nos ferramos em parte, mas isso não importa muito aqui, quem sabe o Bruno conte melhor sobre isso no seu próximo texto (mais uma daquelas bostas gigantes).


A maior fila do mundo na chegada a Amsterdã


Aí sim chegou a hora de ir para o Hostel, a primeira viagem de Amsterdã, no sentido mais bizarro da palavra, Chegamos no Flying Pig: lá nos deparamos com uma menina descalça completamente chapada/bêbada/etc, depois fomos descobrir que ela trabalhava no albergue (em troca de hospedagem, aliás, ela ficou conhecida como “a mina que trabalha de manhã e pirava a tarde/noite”). Nosso quarto era mais uma vez no último andar (assim como o de Paris, caso não tenhamos contado ainda), um sufoco pra chegar lá após a jornada. O albergue tinha um barzinho no hall, aonde a galera socializava, foi divertido, mas ao longo dos dias foi se tornando somente da brasileirada, surreal.

A cidade é um misto de tudo, você está caminhando por ela e vê inúmeros velhinhos com suas bicicletas, aí olha pro outro e vê um coffeeshop com a galera toda chapada, e as vezes você vê tudo isso junto. Enquanto estivemos por lá, aproveitamos pra passar no museu Van Gogh, que eu já tinha ido na outra viagem que fiz a Europa, mas confesso que dessa vez as obras dele me impressionaram ainda mais, o Bruno aparentemente gostou, enquanto o Vítor me pareceu um tanto entediado de braços cruzados boa parte do tempo.



Bruno, um brasileiro e um cara querendo aparecer ali atras na Heineken Experience, o museu da cervejaria que nos nao fomos, devido ao preco acima da media (15 euros).


Mas agora vamos a parte subversiva da cidade...

Tudo começa com nossas idas ao bar do Hostel. Encontramos uns cariocas (esses cariocas estavam fugindo de três ingleses gays que não paravam de dar em cima deles) por lá e uma paulistinha perdida. Em pouco tempo estávamos todos na rua seguindo pra Red Light a sugestão a paulista (única mulher no grupo). Que lugar amigos, não tenho fotos (lá não é permitido fotografar), mas mesmo que tivesse deixaria vocês aí com inveja daquela maravilha do século. Aquelas coisas perfeitas com biquínis fosforescentes dançando na sua frente, nas vitrines, e você há um passo da felicidade (mas também há um passo de perder muitos euros e ficar falido o resto da viagem).

Dia seguinte demos uma caminhada pela cidade, passamos no Museu Van Gogh, num Coffeeshop pra ver qualé (ou tomar café, é claro...) ... e voltamos ao albergue. A noite voltamos para o já famoso hall do hostel. Encontramos nossos amigos cariocas, sem a paulistinha dessa vez. Bebemos uns half pints e fizemos nossa pré-night “zuando” os não-brasileiros, a exceção dos australianos, que eram bem gente fina.

Mas uma vez na rua... Estavamos caminhando por lá, eis que uma surinamesa totalmente aleatória nos convida para um (suposto) Bar que tocava música brasileira. Logo que entramos rolava um mambo bisonho, ou qualquer coisa parecida (o máximo de “música brasileira” que o DJ conseguiu colocar foi “música da mãozinha”...), o lugar era cheio de latinos perdidos, umas holandesas malucas, uns americanos rappers nada a ver, acho que devia ter até cafetão por lá, enfim, a ilustração do surrealismo. Acho que esse lugar é a melhor deixa para finalizar o quão extremo é Amsterdã.


A ''maravilha'' que chamam de Brasil Bar.


Chegamos no hostel 4 e pouco, e tínhamos que partida pra uma viagem de 13 horas de trem as 6:30, ao contrário dos outros dois, preferi virar e dormir na viagem, acho que acabou dando certo.