sexta-feira, 6 de agosto de 2010

E para o Leste: Praga!


Praga.

Nada como uma segunda chance. Chegamos em Praga por volta das 16hs e na estação foi um stress absurdo para conseguir trocar dinheiro, comprar bilhetes de metrô (já que não havia sequer uma bilheteria aberta), entrar no metrô completamente lotado e depois achar o nosso hostel, já que Praga conta um sistema de numeração de casas e edifícios tão burro (ou tão genial) que eu imagino que só a Luciana Gimenez (ou o Stephen Hawking) entenderiam de primeira. Mas depois de 2h30 após a chegada a Praga conseguimos encontrar nossa hospedagem.

Enfim, a má impressão acabou aí. Assim que chegamos ao hostel (Little Town) ficamos em dúvida se aquilo estava certo mesmo. O aposento tinha um quarto enorme com seis camas, cozinha completa e tinha até bidê no banheiro. Sério, não que sirva pra alguma coisa, mas é algo raro de se encontrar hoje em dia. A localização era excelente, fora, mas bem perto do centro e com uma bela vista para o castelo da cidade que fica no alto de uma colina.

Saímos para andar e o caminho mais curto para o centro era pela Charles Bridge. Pronto, Praga é a melhor cidade do mundo. A ponte é impressionante, desde os seus portões medievais, passando pelas estátuas (dessa vez com temas católicos e também medievais) como pela vista do rio Vltava, do castelo e de todo o centro antigo da cidade. Para completar a paixão a segunda vista, rolou um Starway to Heaven (do Led Zeppelin, para os que não são desse planeta) por uns artistas de ruas, só no violoncelo. Demais.


Vista do castelo de Praga pela Charles Bridge.


O centro de Praga e o rio Vltava.

A cidade estava lotada. Neste dia havia um show numa ilha do rio Vltava e pela quantidade de pessoas, supomos que era o show do Bobo Moreno (mito máximo dessa viagem, o Frank Sinatra dinamarquês - ver o texto sobre Copenhagen), mas não conseguimos escutar direito. A partir da Charles Bridge, seguimos rumo ao centro da cidade por ruas apertadas e que não dão em lugar nenhum, mas do nada a praça central aparece. Isso é bem legal em Praga, já que por mais que você não tenha a menor idéia do lugar que você esteja, você sempre vai cair no centro antigo. SEMPRE!


O idiota que imita todas as estátuas.


A praça de Praga. Sou um fotografo nato, olha a qualidade.


Manda muito.

A praça é bem legal, mas no mesmo esquema das outras que a gente viu. Showzinho de trompete nas trocas de hora, fonte pra tirar foto, quatrocentos japoneses andando em grupo carregando câmeras fotográficas maiores que eles próprios, igrejas com torres gigantes e por aí vai. Ainda acho as praças de Bruxelas e de Bremen mais divertidas, mas enfim, bem legal. Fomos jantar num lugar indicado pelo recepcionista, dono, mestre dos magos e senhor insônia do Little Town (o cara ficava acordado 24hs, era muito engraçado e ainda deu umas dicas bem legais pra gente; mito!) e enchemos o bucho com uma comida sensacional, duas cervejas e mais sobremesa por 250 dinheiros tchecos (isso dá em torno de 10 euros). Por mais que Berlim tenha sido muito boa gastronomicamente, achei Praga o melhor lugar nesse quesito até agora.

No dia seguinte fomos fazer o tour turístico básico, passando por prédios, museus, monumentos, centro antigo, bairro judeu, banheiros públicos, margem do rio Vltava onde estava acontecendo uma exposição grátis de fotos retratando o lado selvagem da Europa (algumas fotos fantásticas, mas Geiranger parecia mais bonita que todos os lugares).


Mané é a mãe.


Um geólogo deve ter sido responsável por essa coisa horrível.


A praça de Venceslau.


"KK Querida" , nosso grande amigo Caio entrou para o ramo de casas noturnas em Praga.



Josef Manes, O Zé Mané original.

De noite fomos à Karlovy Lázne, dita “a maior balada do leste europeu”. O lugar tem cinco andares, apresentando ambientes com músicas diferentes e tudo mais. O lugar é bem divertido mesmo, mas eu morri por volta de umas 2h30 da manhã já que eu não agüento muito estas coisas. Enquanto isso o Thico estava empolgadaço e chegando na mulherada com todo o swing brasileiro hahahaha. O lado ruim desse lugar é que apareceram uns playboys que se achavam demais (eu acho que eram ingleses) e os caras eram tão otários que do nada eles tiraram a camisa na pista e começaram a rodar. Resultado? A pista esvaziou, a não ser por uns caras meio suspeitos que ficavam olhando pros babacas descamisados (dizem as más línguas que o Vítor também tirou a camisa ao som de “I Will Survive”, vai saber). No fim estes caras arranjaram briga e sumiram.


Taí o lugar.

Por fim, mas não menos importante, nós fomos ao castelo da cidade e lá tem a igreja mais sensacional que a gente viu na Europa. Ela meio que destoa do resto dos prédios da market square, mas ela impressiona e até assusta um pouco. Além desta igreja, jardins, ruínas, outras igrejas menores e alguns museus fazem parte de todo o complexo e dá pra ficar uma manhã inteira lá tranquilamente e depois de tudo, apreciar a vista de Praga lá de cima.


Igreja gigante.


Parte de trás



Por dentro.



Praga, lá de cima, parte 1.


Depois disso, finalizamos Praga subindo ao ponto mais alto da cidade onde tem uma torre, que dizem ser uma cópia da Torre Eiffel. Bom, a subida vale a pena, já que tem uns jardins realmente bonitos e o Thico até tirou umas fotos de florezinhas, mas a tal da Torre Eiffel Cover é bem sem graça (e eles cobram por volta de 4 euros pra subir), já que a vista para a cidade dos jardins mesmo já é suficientemente bonita.


O cara curte tirar foto de florzinha né, fazer o que?



Praga, lá de cima, parte 2.

E olha só, terminei esse texto sem mandar nenhuma piadinha idiota sobre tchecas!

Próximo texto é do Thico falando mais sobre o leste europeu. Até Ljubljana, Dubrovnik ou Split!

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Berlim, parte 2: Os dois lados

Mais uma viagem de trem, agora pra Praga, então tenho um tempo livre para escrever sobre Berlim.

Como postado pelo Thico, cheguei a cidade dois dias depois da macacada por causa do spin-off em Bremen e logo de cara ao chegar no hostel, o Thico me pagou uma cerveja. Beleza, minha estadia em Berlim começou bem. O The Circus, lugar que a gente ficou é o melhor hostel até agora, com um quarto enorme e wifi de grátis (esqueçam isso... O hostel de Praga arrebentou com tudo).

De lá partimos para a Alexander Platz, centro político da ex-Berlim Oriental e um dos lugares mais visitados, pela proximidade com a Ilha dos Museus, torre de TV Fernsehturm, portão de Brandeburgo e monumento Siegessaule. De noite, resolvemos subir na Fernsehturm (torre de TV) e apesar de ser um pouco caro, é um lugar bem legal para ver toda a cidade de cima.




A Igreja Neue, localizada na ilha dos museus.



Poseidon, na frente da Fernsehturm.




Fernseturm, a torre de tv que não parece, mas é mais alta que a Torre Eiffel.


De noite demoramos um pouco para achar um lugar legal para tomar cerveja, sem nos sentirmos ameaçados por carecas enormes que andam de braços dados com outros carecas enormes e por aí vai, mas achamos um bar tranqüilo e tomamos algumas cervejas por um preço bem acessível. O engraçado desse bar é que mesmo sendo uma noite fria (por volta de uns 10 a 15 graus), tinha um maluco inglês que suava que nem um porco. No início não percebemos, mas depois de alguns dias, devido a uma situação similar ter ocorrido a um de nós, descobrimos a resposta. O cara estava com caganeira, óbvio!

Foi nos dois dias seguintes que realmente Berlim se tornou a melhor dentre as cidades grandes visitadas. Fomos visitar alguns museus e escolhemos o Pergamon e o Neues. Sério, o Pergamon é uma das coisas mais legais do mundo. Trata-se de um museu que reproduz um templo grego, com peças originais retiradas do local em anos de escavações. As colunas, estátuas e a parte mais legal de todas, as paredes do templo estão lá em boa parte intactas. Na entrada você ganha um guia auditivo que explicam essas paredes, cujo tema é a luta vitoriosa dos deuses gregos contra demônios e monstros. Você mergulha na história devido aos detalhes das esculturas, sensacional. (Obs. As fotos a seguir não são nossas, já que a câmera ficou no guarda-volumes)


Zeus, destroçando três inimigos (os raios que ele solta estão sob a forma daquele tridente do lado esquerdo da foto).



A entrada para o templo.


O Neues por sua vez, tem como principal atração a enorme coleção egípcia, com milhares de papiros, ornamentos, armas, sarcófagos, estátuas, colunas e todas essas coisas egípcias legais. A atração mais famosa e a meu ver a mais impressionante também, é a estátua de Nefertiti. Senão me engano foi descoberta por volta de 1912 e está intacta mesmo depois de 3000 anos (a não ser pelo olho esquerdo) e ainda parece que ela te olha no fundo da alma devido a uma expressão até assustadora de tão imponente. Impressionante (e proibido tirar fotos também).


Uma múmia e uma estátua, exemplo do estado perfeito de preservação da coleção.



Sarcófagos.


Estátua de um cara qualquer aí.



Eu batendo papo com um Neander, na parte da civilização européia do museu.

De noite, conhecemos vários brasileiros no hostel, que tinham conhecido alguns israelenses durante o dia (os caras eram meio malucos e contavam piadas sobre nazismo, holocausto e tudo mais, na boa). Um deles era igualzinho ao McLovin, MITO supremo do filme Superbad.


McLovin!

Fora esses israelenses, entraram umas turcas no grupo, que também contava com um argentino perdidão lá no meio. Ah, uma brasileira tinha um namorado norueguês, então o grupo era composto por uns 8 brasileiros, 3 israelenses, 2 turcas, 1 argentino e 1 norueguês. Bizarro (ainda mais porque israelenses e turcos não se bicam)! Enfim, resolvemos ir num lugar e quando encontramos, fazia parecer a balada brasileira de Amsterdã parecer Ibiza, pra vocês verem o nível.

No dia seguinte eu fui visitar a “Topografia do Terror”, que é um museu com fotos, documentos e notícias de jornais e revistas da época do partido nazista alemão, contando principalmente sobre as ações Gestapo e da SS. O lugar é bem pesado, principalmente uma sessão que conta histórias de famílias judias em campos de concentração, com alguns textos destas pessoas. O mais marcante é um poema de uma garotinha judia a qual tinha perdido seu irmão no dia anterior, que morreu de fome. Quase chorei nesse (e me arrependo profundamente agora por não ter tirado uma foto dele). Depois fiquei pensando o quanto tudo isso marcou a Alemanha, por manterem tal museu, escancarando todas as atrocidades cometidas aberto pro mundo inteiro.


Topografia do Terror.


Bom, acho que isso foi o pouco da Berlim que eu vi. Uma cidade que embora não tão bonita quanto Paris, Copenhagen e Praga (depois eu escrevo sobre ela), é muito mais imersiva e te enche de histórias, das mais bonitas às mais terríveis, às quais você não gostaria, mas que precisa conhecer.

Berlim, parte 1: uma breve introdução


Les trois macaques


Volto aqui para lhes contar os dois dias de Berlim sem o Bruno. Na verdade esse texto não será exatamente um diário do que fizéssemos. Mas sim minhas impressões a respeito da cidade que eu posso considerar a minha favorita de todas (talvez, de longe), e toda a vontade que sinto que morar nela – vou terminar a faculdade antes, é claro. Quando chegamos ao aeroporto, nos arredores de Berlim, minha primeira sensação foi de estar entrando em mais uma cidade qualquer. Até comentei com o Vítor que aquilo ali poderia ser muito bem algum trecho de São Paulo. Felizmente, me enganei. Nos hospedamos num ótimo hostel (Circus) na Berlim Oriental - pelo visto, é o lado onde as “coisas acontecem”.



Vista do quarto do nosso hostel, já dá pra sentir a vibe maneira da cidade.


A cidade tem um clima histórico, até um certo ar decadente, que funciona muito mais como charme do que negativamente. As ruas são largas, por isso, o transito flui bem (embora o funcionamento dos sinais de transito seja bem estranho, tem uns que demoram horas pra abrir, e quando isso acontece fecham rapidamente). A paz de caminhar pelas calçadas e não precisar ouvir buzinas, mas sim muitas pessoas de bicicleta é uma maravilha.


A praça que fica a "moderna" torre Fernsehturm, mais detalhes no texto do Bruno (+ foto)

A culinária típica é baseada em muito Curry (algo que eu não gosto, mas até que o Currywurst é aceitável) e comida turca, essa sim vale muito a pena: primeiro porque é deliciosa, segundo porque vem em boa quantidade, e por último e não menos importante, porque são muito baratas (com uma refeição em Paris você come umas quatro em Berlim num “turcão” da vida). Até gostaria de sugerir um restaurante turco que ficamos fãs e até amigos do dono (mesmo sem conseguir trocar uma palavra em inglês com ele), mas confesso que não lembro o nome, posso dizer que fica no meio da Torstr.


Um verdadeiro Falafel, no Rio eu nunca vi um desses! E Fritz Cola, o mito dos refrigerantes.


Ao contrário de boa parte das cidades européias, a noite de Berlim “funciona”, e a diversidade do que se fazer é incrível. Uma noite nós fomos num barzinho da Westepheiner, tomar umas cervejas de 0,5 L por 4 Euros. Na outra caminhamos pela Oranienburger Str., passamos na Tacheles, um prédio com a cara da Berlim Oriental que é um antro artístico completamente surreal: havia uns cinco DJs tocando música eletrônica e os telões complementando a atração. Uma galera muito variada aproveitando o show, de graça! No segundo andar também parecia estar rolando algo, mas eu não cheguei a subir e mantive a curiosidade para a próxima ida à cidade.


Portão de Branderburgo. Não estava em obras (como a Siegessäule, que era o monumento que eu mais queria ver em Berlim), mas iria ocorrer algum evento ali que acabou com o visual do lugar.

Falando em musica, Berlim é a cidade de maior musicalidade que eu fui nessa viagem (até agora). O que mais se ouve pelas suas é a música eletrônica, ela está em todos os lugares. Desde os sistemas de som de algum carro, até nas barraquinhas de Currywurst, passando pela freiada do metrô (um dos sons mais interessantes que já ouvi para fazer um sampler). Ainda nas estações, é possível encontrar um bom número de músicos fazendo os mais variados sons com seus instrumentos (Lembro de ter visto uma moça fazendo um country com uma voz bem suave que me lembrou Gillian Welsh).
Outro momento musical bem marcante foi a dupla que um violonista e um daqueles tocadores de copo faziam na ilha dos museus, cheguei a gravar num trecho, quando chegar no Brasil eu hospedo os vídeos e apresento a vocês.

Berlim é uma cidade grande que te acolhe como poucas. Acho que dá pra ser feliz por lá sem o estresse que ocorre nos principais centros urbanos. Mas só vou descobrir quando estiver lá, e não acho que vá demorar muito, heim?



Eu na East Side Gallery, parte do muro que ainda sobrevive.
P.s. 1: Em breve a segunda parte, com o texto do Bruno. Amanhã, provavelmente, mas nao garanto nada, estamos no Leste europeu, e aqui o wifi é um terror!

P.s. 2: Ainda há muito o que se dizer sobre essa cidade, quando chegar no Brasil quem sabe não escreva um pouco mais.