sexta-feira, 15 de setembro de 2017

A capital do centro do mundo: Quito

“Mas o que que você vai/foi fazer no Equador?”
Eu ouvi essa pergunta várias vezes nos últimos meses. Engraçado como nós brasileiros sabemos pouco sobre um país que é logo ali. Então, pra responder essa pergunta (e também porque não tenho nada melhor pra fazer agora) resolvi ressuscitar esse blog mais uma vez, e contar as histórias dos meus 17 dias na terra dos chapéus Panamá, das bananas e dos vulcões, em julho de 2016.


A primeira parte desse relato (supondo que hajam outras) vai focar nos dias em Quito, capital do país. Eu cheguei na cidade com o Ibyatã, amigo de faculdade do Bruno (que tá há 3 anos enrolando pra postar aqui), que iria chegar 2 dias depois. Ficamos hospedados bem perto do centro histórico, em frente ao mercado central. Largamos as malas no hostel (Community, muito bom) e fomos procurar algo pra comer e dar uma volta. Almoçamos no mercadão mesmo, um típico almuerzo equatoriano, que consiste de uma sopa de entrada, arroz, peixe ou frango, e batata, acompanhados de um suco de amarelo. Comemos isso, ou alguma variação disso, praticamente todos os dias, e os preços alternavam entre 2 e 3 dólares, excelente custo benefício. Aliás, pra quem não sabe, a economia do pais é totalmente dolarizada desde 2000, o que é meio assustador hoje em dia. Felizmente os preços em geral são baixos, basta seguir a velha regra de comer onde os locais comem, evitando aqueles lugares que claramente são feitos pra turista (e mesmo esses ainda são mais baratos que comer no Brasil).

Suco de limão que parece tamarindo e tem gosto de groselha

Não fizemos muita coisa no primeiro dia, basicamente andamos semi-aleatoriamente pelo centro, que é muito agradável e bem cuidado, com destaque pra Plaza Grande, onde fica o palácio do governo, a Plaza San Francisco (apesar das obras do metrô terem atrapalhado), e a Calle La Ronda, que pouco mudou desde os tempos coloniais. Nos informamos sobre coisas pra fazer e a noite ficamos bebendo no hostel. No dia seguinte saímos num walking tour, que passou por lugares que já tinhamos passado no dia anterior, mas é sempre interessante ouvir as histórias por trás de cada praça e igreja. Aliás, como tem praça e igreja nessa cidade. Também é cheia de ladeiras, o que pode dar trabalho pra quem não está acostumado aos 2800 metros de altitude dela. Depois de almoçarmos com o único brasileiro que encontramos na viagem toda, fomos à Casa del Alabado, um museu bem interessante com artefatos pré-colombianos, que contava a história dos povos que habitavam a região antes mesmo da chegada dos incas (que só ficaram cerca de 30 anos por lá até a chegada dos espanhóis). A noite, ficamos de boa tomando cerveja no hostel mesmo, e no dia seguinte iriamos aguardar a chegada do Bruno na cidade…
Plaza Grande

Rua tradicional do centro de Quito. Ao fundo, a virgem de Panecillo.

Plaza 24 de Mayo
Convento de San Francisco, com a obra do metrô estrategicamente cortada da foto.

Calle la Ronda
...só que não. Deu merda e o vôo dele foi cancelado, então ele só chegaria no dia seguinte. Isso meio que complicou os nossos planos, mas já que não tinhamos escolha, decidimos seguir com eles, e o Bruno que se virasse depois. Subimos a torre da basilica nacional (não sem antes desperdiçar 2 dólares no ingresso errado), que tem 115 metros de altura, e oferece uma vista excelente do centro da cidade. Um detalhe interessante da basilica é que eles trocaram os gárgulas tradicionais por animais da fauna equatoriana, como macacos, tartarugas e tatus. Em seguida, fomos até o parque Itchimbia, que é relativamente fora do radar dos turistas, sendo mais frequentado pela população local. O parque é bonito, e tem uma boa vista da cidade. No final do dia, além da tradicional cerveja (em um bar que foi fechado pela vigilância sanitária literalmente no dia seguinte), rolou uma rápida aula de salsa no hostel. Nossa intenção era apenas dar uma olhada, mas fomos intimados a participar por falta de quorum masculino, e até que foi divertido.

Basilica Nacional do Equador

Vista do topo da Basílica


Basílica vista do Parque Itchimbia

Foto obrigatória com a camisa do Curíntia

O outro dia seria o mais ambicioso de nossa estada na capital equatoriana. Iriamos subir o Pichincha, um dos muitos vulcões que cercam a cidade. O plano inicial seria subir o Cotopaxi, mas ele estava fechado por causa de uma atividade recente (e eu provavelmente não daria conta de subir ele de qualquer forma), então precisavamos de um plano B, já que ir pro Equador e não subir nenhum vulcão é como ir pra Budapeste não molhar os pés no Danúbio (entendedores entenderão). O Pichincha é dividido em dois picos, Guagua (onde fica a caldeira, que ainda é ativa) e o Rucu, com fácil acesso do centro da cidade. Para chegar lá, pegamos um ônibus até o teleférico da cidade, que nos levou até cerca de 4000m e de lá caminhariamos até o cume, a 4700m. O inicio da caminhada é tranquilo, com uma trilha bem cuidada e pouco íngreme, mas depois de um tempo a altitude começa a fazer efeito e a trilha desaparece e vira um barranco cheio de areia, cinzas e pedras. Pra piorar, baixou uma nuvem e a visibilidade que estava muito boa no começo ficou péssima de uma hora pra outra, mal dava pra ver 15 metros adiante. Seguimos assim mesmo (o Ibyatã bem na frente, mas pelo menos não passei mal) e depois de umas 3:30 chegamos ao topo, onde não pudemos ver rigorosamente nada. Ficamos bem pouco tempo lá em cima, já que além de só vermos branco, tava frio pra cacete. Descemos em pouco mais de 2 horas, e pegamos um taxi pro hostel, já que ninguem é de ferro. Chegando lá, finalmente encontramos o Bruno (e depois de 7 anos, o nome desse blog volta a fazer sentido!), e depois de umas merecidas cervejas, os 2 decidiram seguir o pessoal até uma balada, enquanto eu resolvi dormir cedo. Relatos posteriores indicaram que a minha decisão foi a correta.

Quito vista do teléferico

Rucu Pichincha


Ibyatã e o abismo. Eu fiz algo pior alguns dias depois.

Nosso companheiro de trilha. Alguem tem idéia de que espécie é essa?
Tudo que deu pra ver do alto do morro.

No dia seguinte foi o nosso último dia em Quito. O Bruno aproveitou pra fazer um walking tour na cidade, enquanto eu e o Ibyatã ficamos fazendo nada (na verdade a gente deve ter feito algo, mas provavelmente foi algo tão irrelevante que eu não lembro). A noite, além das cervejas de praxe, saimos com o pessoal num pub crawl, que terminou numa balada. Eu não gosto de balada (e nem estava bêbado o suficiente pra começar a gostar), então acabei voltando cedo pro hostel. Relatos posteriores indicaram que a minha decisão foi equivocada. Acordamos cedo (uns com mais ressaca que outros), pegamos um ônibus lotado até um terminal que ficava na pqp, e de lá rumamos pra cidade de Latacunga, onde iniciariamos a próxima etapa da viagem. Diz a lenda que o relato será feito pelo Bruno, mas eu esperaria sentado se fosse você.

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