No dia seguinte
acordei cedo pra o segundo passeio, a ida até o Salar de Tara. É um lago no
meião do deserto, quase na divisa com a Argentina, e também foi o tour mais
longo que eu fiz por lá. Foi aí que eu cometi um erro, já que esse é foi o
ponto mais alto da viagem (o salar fica a 4300m, mas no caminho nós passamos de
4900), e eu não estava totalmente aclimatado ainda. Resultado: larguei meu café
da manhã por lá, mas de boa, o importante é voltar vivo. O lago em si não tem
nada de mais, é bonito, com um monte de flamingos e montanhas ao fundo, mas o
caminho até ele foi um dos destaques da viagem (se descontarmos o fato de que
eu estava passando mal, mas tudo bem...), um desertão sem estradas e com
formações rochosas impressionantes, com destaque para Las Catredales. E como
não tinha aquela caralhada de turistas dos outros passeios, a sensação de
isolamento é indescritível.
|
Lago no trajeto para o Salar. |
|
Insira aqui sua piada sobre objetos fálicos preferida. |
|
Isolamento (ignore as marcas de pneu) |
|
Catedrales de Tara. |
|
Salar de Tara com douzenas de Flamingos. |
De noite fiquei
socializando com a galera no hostel, a maioria obviamente de brasileiros, com o
eventual gringo que se juntava a nós, todos muito gente boa. É uma das melhores
coisas de ficar em hostel, trocar idéia com um monte de gente, cada um vindo de
um canto e com planos de viagem completamente diferentes, muito útil pra quem vai
viajar na porralouquice, algo que pretendo fazer num futuro não muito distante.
Sem contar fatos curiosos, como conhecer duas garotas, uma de cada canto do
mundo, que tocam harpa. Não é todo dia que se conhece uma harpista, ainda mais
duas, e bonitas ainda por cima. Eventualmente o cansaço me venceu e eu dormi
como se não houvesse amanhã.
|
A gangue brasileira: Fabiola, Sarah, Ana, Rafael, e eu com cara de bunda. |
Mas havia, então eu
tive que acordar cedo novamente, dessa fez pra conhecer as lagunas
altiplânicas, e o salar de atacama. As lagunas (na verdade são lagos) são duas,
Miscanti e Miniques, separadas por um
derrame de lavas, a 4100 metros de altitude (mas dessa vez eu tirei de letra).
É um lugar bem bonito, ao pé de um vulcão, mas a maioria do parque é
off-limits, então não deu pra chegar muito perto dos lagos, e nem andar em
busca de novos pontos de observação. Ficamos um tempo lá e depois fomos pra um
antigo leito de um rio, que formou um pequeno canyon. Não tinha muito o que
ver, mas é sempre divertido subir em pedras como um macaco (vide nome do blog)
pra tirar fotos estúpidas. A próxima parada foi o Salar de Atacama, que segundo
o guia é o terceiro campo de sal mais extenso do mundo (nunca acredite
cegamente no que o guia fala), cheio de pequenos lagos e montinhos de sal, onde
os flamingos se alimentam (mas tinha bem menos que em Tara, por exemplo), bem
interessante.
|
Laguna Miscanti, Tatooine |
|
Laguna Miñiques. |
|
Nemo. |
|
Salar de Atacama |
No dia seguinte acordei às 3:30 da matina pra ir ao campo de geiseres El Tatio, um dos mais altos do mundo (4200m). O motivo de ser tão cedo é porque é mais fácil visualizar os jatos de vapor no escuro e no frio. E tava frio pra cacete, agradabilíssimos 6 graus negativos, mesmo sendo no final do verão. Os geiseres não são muito altos, mas é um lugar bem legal, principalmente pra o eventual geólogo ou geofísico que saiba identificar as besteiras que os guias falam. Como de praxe, o excesso de turistas atrapalha um pouco, mas acabei trombando com a Fabiola e a Dorothea, que estavam hospedadas no hostel, por lá. No final, tinha um banho em uma piscina de água termal, que eu pretendia tomar, mas como eu sou burro (não vai ser a última vez que você vai ler isso nesse texto) eu esqueci a toalha no hostel. Como além de burro eu sou idiota, eu pulei assim mesmo. A piscina não era grande coisa, a água era só morna, pra depois sair molhado naquele frio do cacete. Mas tudo bem, afinal viajar e não fazer nada extremamente estúpido não tem a menor graça. Pena que nessa hora eu me separei das meninas e não tinha ninguem pra tirar foto, mas eu pulei, eu juro!
|
Eu devia ter levado chá. |
|
Fumarolas. |
No almoço fomos pra um restaurante onde eu resolvi brincar de roleta russa, e me dei bem. Veio um peixe ao molho de alho muito gostoso, com crepe de sobremesa, bom pra variar um pouco a minha dieta de frango com batata e omelete. E de tarde eu fiz o último passeio do pacote, a laguna (qual o problema desse pessoal que fica chamando lago de laguna? Não é a mesma coisa!) Cejar, um lago salgado bem fundo no meio do salar de Atacama, em que é impossível afundar, tipo no mar morto. É divertido por 5 minutos, mas depois disso o fato de não poder afundar a cabeça e a dor de todos os cortes que eu tive na vida encheram o saco, e ainda tinha que aturar um monte de adolescente chileno barulhento. Pra compensar, o pôr do sol no salar é bem legal, e eu fiquei tomando pisco sour (artificial, doce pra caralho, mas de graça até ônibus errado) conversando com uma francesa que aparentemente queria me pegar e com o único chileno mais gente boa daquela galera. Vou ficar devendo fotos do lugar, porque eu sou burro e esqueci minha câmera no hostel.
Esse foi o fim dos passeios contratados, mas eu ainda tinha um tempo na cidade, então fui atrás de coisa pra fazer por conta própria. Decidi ir na Pukará de Quitor, uma antiga fortaleza quechua utilizada pra defender a região das invasões incas, 3 séculos antes da invasão europeia. Não é uma Machu Pichu, mas é bem legal, principalmente por ser muito perto da cidade (apenas 3km), por ter uma excelente visão do Valle de la Muerte, uma formação geológica fodona, e não ter turistas. Fiquei quase uma hora de bobeira em cima do mirante ouvindo Pink Floyd vendo a paisagem e não apareceu ninguem, muito foda. De noite fui no tour astronômico, onde vamos pra um observatório com telescópios (não é o ALMA, antes que alguem pergunte) no meio do deserto olhar pro espaço. O céu noturno do deserto é impressionante, principalmente pra quem mora em cidade grande, então o tour é divertido, mas não vale os 18 mil pesos que eu paguei (apesar de ter o melhor banheiro do mundo). No dia seguinte não fiz nada além de bater papo com a galera do hostel, e de noite aproveitamos que todo mundo ia vazar no dia seguinte, juntamos a brasileirada, mais um casal de franceses e um israelense maluco (pleonasmo?) e ficamos enchendo a cara e falando merda até sabe-se lá que horas. Acordei correndo as 8:15 da manhã pra pegar a van pro aeroporto (não quis arriscar do ônibus atrasar de novo e eu perder o vôo) e dei adeus ao deserto.
|
Pukará de Quitor. |
|
Valle de la Muerte. |
O Atacama é um lugar impressionante. A paisagem árida, os vulcões e aquela sensação de “como diabos as pessoas conseguem viver aqui” contribuem para ser um dos lugares mais fodas que eu já estive. O único porém é que você acaba ficando “refém” das agências de turismo e seus horários. Várias vezes eu queria ficar nos lugares mais tempo, dar uma volta, pensar na morte da bezerra, coisas do tipo, mas não pude porque tinha que voltar correndo pra van. Esse é um problema quando se tem que arrumar tudo através de agencias, mas ao mesmo tempo não é como se desse pra fazer tudo por conta própria sem carro, então é um mal necessário. Os preços também são bem altos, qualquer pão com ovo sai por 1000 pesos (quase 5 reais). Mas tudo isso é irrelevante comparado as paisagens magníficas do lugar. Próximo post, Pucón!
Ou não, a chance de eu ficar com preguiça e o blog morrer de novo são bastante razoáveis. Sem contar que o Bruno e o Thico são muito mais engraçados do que eu.
Po, mó inveja. Vulcões fodas. =/
ResponderExcluirE po, o blog não vai morrer. De 2 em 2 anos alguém posta algo.