sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Split

Aviso: não vou fazer nenhuma piada sobre Banana Split. Como a conexão aqui tá ruim, hoje vai pouca foto. Não que eu precisass de desculpa, mas é sempre bom ter uma. Faltou um monte de detalhes nesse texto, mas é porque eu realmente não me lembro deles. Esse paragráfo não tem coesão nenhuma, é porque eu fui escrevendo nele aleatoriamente conforme as coisas vinham na cabeça.

Saimos de Dubrovnik por volta das 22:00 e depois de cerca de uma hora de viagem numa estrada com mais curva que a Rio-Petrópolis, o ônibus parou. Chegamos no temido controle de fronteira entre Croácia e Bósnia (tecnicamente ali é a Hezergovina). Soldados armados com M16s e AK-47s entraram no busão e revistaram todos os passageiros, enquanto apontavam a arma na cabeça daqueles que pareciam mais suspeitos (sobrou pro Thico). Checaram todos os passaportes mais de uma vez, gritaram algumas palavras ininteligíveis e foram embora. Dez minutos depois dois deles voltaram, arrastaram um cara pra fora, gritaram outra sequência de palavras em bósnio e o motorista do ônibus meteu o pé no acelerador sem cerimônia. Alguns minutos paramos de novo, na cidade de Neum e todos começaram a sair do ônibus. Seguimos eles até vermos uma pequena lanchonete, e respiramos aliviados (achavamos que seriamos torturados pra provarmos que não eramos sérvios), até notarmos faixas brancas no chão, meio que indicando o caminho a seguir. Olhamos assustados pra outro passageiro, que disse com inglê macarrônico: landmines! O Bruno, depois de refletir um pouco, disse que ficaria no ônibus, já que ele tem mulher e filhos pra cuidar, enquanto eu e o Thico fomos em frente. Cheguei na lanchonete e pedi uma coca cola. Perguntei se eles aceitavam kunas, e a resposta foi em tom ameaçador: "TAKE YOUR FILTHY MONEY AND GET YOUR ASS OUT OF MY COUNTRY!" Sai correndo com o CUH na mão de volta pro ônibus, devo ter pisado fora da linha umas 3 vezes, mas consegui escapar. Dois outros passageiros não tiveram a mesma sorte. E depois disso tudo, os filhos da puta nem carimbaram meu passaporte pra eu provar que estive na Bósnia!

Depois de voltar ao território croata, mais umas 3 horas de curvas e mais curvas até chegarmos as 2 e pouco da manhã em Split, capital da Dalmácia e maior cidade do litoral da Croácia. E ai as coisas começaram a ficar assustadoras. Não sabiamos direito onde o albergue ficava, a cidade velha é um puta labirinto e ainda tava de madrugada, sem nenhum lugar onde pudessemos conseguir alguma informação em inglês. Depois de mais de uma hora perdido pela cidade com mochilas pesadas nas costas, finalmente encontramos nosso albergue, e aí começou a nossa volta por cima. É de se imaginar que abrir a porta de casa pra um monte de gringos às 3:30 da manhã seja suficiente pra acabar com o humor de qualquer cidadão, mas nosso anfitrião, Baldo, é o cara mais legal do mundo. Ele falava pelos cotovelos (em 15 minutos eu aprendi mais sobre Split do que em 3 anos morando em São Carlos) e ainda nos ofereceu uma garrafa de Slivovica roxa, que obviamente aceitamos. Além do mais o quarto tinha ar condicionado e internet gratis e decente, coisa rara nos albergues que a gente foi.


A agradável orla da cidade.

Acordamos no dia seguinte com o barulho de turistas na rua, já que o albergue fica no principal ponto turístico da cidade, o Palácio de Diocleciano (sim, nos hospedamos dentro do palácio, digdim digdim digdim) e saimos para explorar a cidade. A área do palácio é bem interessante, cheia de ruinas do tempo dos imperadores romanos, assim como construções medievais feitas pelos povos que o ocuparam após o fim do império. O destaque é a catedral de St. Duje, construida sobre o Mausoléu de Diocleciano, onde subimos na torre por uma escada vertiginosa e de onde se via praticamente toda a cidade. Continamos explorando o palácio, seguindo o roteiro sugerido por Baldo passando pelas principais atrações do lugar (as quais não me lembro quais eram), até que encontramos mais dois seres oriundos do país tropical, abençoado por deus e bonito por natureza. Os caras eram meio doidos, e nos ensinaram como NÃO pegar mulher na Croácia. Os caras tinham as piores cantadas do mundo, levavam toco e botavam a culpa na Torcida Split (sim, o nome é em português mesmo), que segundo eles não gostam de estrangeiros. Até parece... Aliás, essa Torcida Split (que se diz a mais antiga organizada da Europa) é bizarramente fanática, como vocês podem ver no video da comemoração de 100 anos do clube.


Certamente foi o Baldo que planejou e executou tudo isso.


Thico, igreja e colunas romanas.


Split vista do alto da igreja.

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Outra parte legal do palácio que não me lembro o que era.

Seguindo nosso passeio, passamos numa lojinha do Hajduk pra comprar umas camisas, subimos um morro pra ver a cidade de cima (coisa que fizemos em praticamente todas as cidades visitadas) e almoçamos bem por pouco dinheiro, como de praxe no leste europeu. Depois passamos o resto da tarde na praia e voltamos pra cidade velha onde estava rolando um festival de música na orla, com umas gatinhas dançando, as quais obviamente só ficamos olhando. Também rolavam umas raves na praia, mas não estavamos muito à fim de ir e voltamos pro albergue pra dormir.


Tradicional vista do alto do morro.


Eles tem um até um "estádio" de polo aquático.

No outro dia enrolamos um pouco pra sair devido à problemas técnicos que depois talvez o Bruno explique depois, então não fizemos nada de muito diferente (e perdemos a chance de ir pra ilha de Hvar ¬¬), nós basicamente andamos pra caralho pra chegar numa praia longe bem longe, passando pela zona magnata da cidade, onde o Suker deve morar. Depois voltamos pro nosso restaurante favorito (o glorioso FIFÃO), onde conversamos com um velho maluco cheio de teorias conspiratórias sobre a União Européia e a Copa de 98, tomamos sorvete (a gente tomou umas 5 casquinhas de sorvete por dia em Split cada um) e ficamos fazendo a digestão no albergue vendo o sorteio da fase preliminar da UCL, enquanto a irmã do mito nos servia bolo de queijo (não era grande coisa, mas de graça até ônibus errado). Depois fomos ver qual era a das raves na praia, chegamos até a entrada de uma delas, mas desistimos depois de ver o preço, e também porque teriamos que acordar cedo no dia seguinte pra pegar um busão até Rijeka, no litoral norte da Croácia. Mas isso é assunto pro próximo post (ou não).


Pedi pra lavarem minha roupa só pra ver se botavam ela ai. Fail =(

4 comentários:

  1. Ah, as emoções da Bósnia-Hezergovina...

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  2. Hahaha, não acredito em nenhuma palavra dessas emoções da Bósnia, mas ri muito!!

    Era esse Baldo que além de bacana era lindo e ensinava carpintaria pra crianças pobres?

    Como uma das muitas leitoras assíduas deste blog, gostaria de dizer, com fins de aperfeiçoamento, que a Reforma Ortográfica não fez cair o acento do Pretérito Imperfeito. Mas fora isso tá muito legal, hahaha

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  3. O Baldo era esse mesmo. O lindo fui eu que contei pra ela hahahaha

    Mas depois o Vítor descobriu que ele era gay...

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